08 novembro 2009

No pólo oposto à cozinha está a podridão, o terreno no qual o alimento desliza, de modo lento ou rápido, de volta à natureza, decompondo-se, pela ação dos fungos e bactérias, nos elementos minerais que antes estavam organizados. Os gourmets tentam ainda, desesperadamente, segurá-lo no despenhadeiro por onde se precipitam, celebrando a culinária da coisa 'faisandé'.
Ao controlar o processo de deterioração, a própria cultura ampliou as suas fronteiras, incorporando mais natureza. Também por essa vertente há uma história. Descobriu-se a penicilina, a 'podridão nobre' dos vinhos de Sauterne, os queijos, etc.

In: Doria, Carlos. Estrelas no Céu da Boca, pág. 153

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