“’Ora’, disse o Dodô, ‘a melhor maneira de explicar é fazer.’
(E, como você pode querer experimentar a coisa por conta própria, num dia de
inverno, vou lhe contar como Dodô a organizou.)
Primeiro traçou uma pista de corrida, uma espécie de círculo
(‘a forma exata não tem importância’, ele disse) e depois todo o grupo foi
espalhado pela pista, aqui e ali. Não houve ‘Um, dois, três e já’: começaram a
correr quando bem entenderam e pararam também quando bem entenderam, de modo
que não foi fácil saber quando a corrida havia terminado. Contudo, quando
estavam correndo já havia uma meia hora, e completamente secos de novo, o Dodô
de repente anunciou: ‘A corrida terminou!’ e todos se juntaram em torno dele,
perguntando esbaforidos: ‘Mas quem ganhou?’
O Dodô não pôde responder a essa pergunta sem antes pensar
muito, e ficou sentado um longo tempo com um dedo espetado na testa (a posição
em que você geralmente vê Shakespeare, nas imagens dele), enquanto o resto
esperava em silêncio. Finalmente o Dodô declarou: ‘Todo mundo ganhou, e todos
devem ganhar prêmios.’”
CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. pág. 29
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