"Ao
longo dos últimos anos temos convivido com o surgimento de restaurantes com
outra cara, diferente do padrão, com experimentações que vão desde o sabor dos
pratos até o design ambiente. De uma maneira a lá Big Bang Theory, não é difícil variar o cardápio da semana para uma
seleção abrangente, e mesmo global, indo de thay-food
com hashis nas terças para pizza servida em toalhas xadrez verdes nas quartas,
tendo pique para um mussacá na sexta e ainda guardar espaço para um iogurte
gelado de sobremesa. Tudo isso pode ainda ser acompanhado de uma apresentação e
de um atendimento diferenciados. Foi percebendo esse movimento que o fotógrafo
Zeca Milleo decidiu conhecer melhor três
restaurantes alternativos de Curitiba e fazer com eles uma seção de fotos
explorando os diferenciais de cada espaço. Nós aproveitamos e fomos conversar
com cada um desses novos Chefs para saber um pouco mais sobre as suas
especialidades."
"Dodô Cozinha Artesanal
Em 2009
eu trabalhava como cozinheira em Porto Alegre, servia em um bar, era
responsável pelos Almoços Culturais no Studio Clio, além dos congelados que
sempre gostei de preparar. Tinha a vontade de ter um espaço meu, mas que ainda
pudesse manter a calma e a atenção no detalhe do preparo das refeições. Logo me
dei conta de que meu apartamento em Curitiba – amplo, bem iluminado e com uma
vista linda para o Paço da Liberdade – seria um local perfeito para fazer um
bistrô secreto, do tipo dos restaurantes puertas
cerradas, em que as refeições são servidas na própria casa do chef.
As
refeições só acontecem com reservas antecipadas, normalmente para grupos
fechados, então é possível combinar o menu de acordo com o desejo e restrições
dos comensais. Além disso, na medida do possível tudo é feito ali mesmo: pão,
queijo, conservas, massalas, só não consegui ter uma horta no apartamento.
Gosto
muito de aprender, nunca quis ficar repetindo cardápio, por isso o combinar o
menu com os comensais é muito estimulante: o número limitado de convivas também
permite que cada refeição seja especial, pois cada grupo tem um jeito
particular. Assim, foi muito fácil juntar as peças e saber que o que eu queria
fazer era abrir a minha casa para grupos, por sorte isso estava começando, com
alguns puertas cerradas em Buenos Aires, os Underground Restaurants em Londres
já abrindo caminho.
Meu
público é de pessoas abertas que apreciam a proposta da sazonalidade, da falta
de hierarquia entre os alimentos, das propostas de novos contextos para
ingredientes conhecidos. No começo a maior parte do público eram artistas
plásticos, pois sou formada na Belas Artes, mas logo começaram a trazer a
própria família, e os convidados trouxeram convidados, agora imagino que o Dodô
tenha um público bem eclético."
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