O monomito sintetizado pelo mitólogo Joseph Campbell* apresenta uma estrutura cíclica que pode ser observada a partir de narrativas que ele encontrou em décadas de pesquisa. essa estrutura é repetida até hoje na arte e na nossa história individual, cheia de aventuras interiores. Veja o nosso momento como exemplo:
O início é uma situação conhecida, uma rotina. A Lua em Peixes, um lugar frio e úmido como ela; desde último aspecto andou onze graus desde então segue nesse ambiente que lhe é confortável.
Então acontece o Chamado para a aventura: a Lua, que é andarilha, é levada a cruzar um portal que a tira desse mar confortável e seguro. Agora nossa heroína se vê em um território muito seco e muito quente, contrário à sua natureza.
Vou colocar os dois próximos passos juntos, porque aqui estão amarrados; o primeiro é encontrar ajuda: provavelmente de alguém mais velho, mais sábio. Sim! A poucos graus a Lua encontra seu dispositor! Nesse embate ela reconhece muito do território onde transita. O problema – e ai começam os testes (o próximo passo): esse encontro é por oposição então, se Marte pode ajudá-la, será pela dor. Outro problema: o próprio Marte está muito desconfortável, exilado, expatriado, e isso se reflete na qualidade dos seus territórios.
Mas é uma Lua em Áries é portanto arretada! Se ela cai, só levanta e vai! Está cheia de luz, no final da fase crescente, colérica, num signo colérico. Não para pra ficar lambendo ferida. Vai passando os testes.
Próximo passo do monomito: a hora de encarar a maior provação, o pior medo do heroi: precisamente aos 14 graus, a quadratura com Saturno! “Essa é a hora mais negra do heroi. ele enfrenta a morte e pode ser que até mesmo morra, apenas para renascer”. Rá! Nossa heroína cai e levanta; morre e renasce!
Depois desse grande enfrentamento a heroína reinvindica, como recompensa, um tesouro, reconhecimento especial ou poder. Isso vai acontecer dali a poucos graus, quando se opõe ao Sol, onde se enche de luz, iniciando sua fase cheia, e fecha um trígono com Júpiter, hoje domiciliado no signo que fala de Quíron, o centauro que, lidando com sua própria ferida incurável, ajudou tantos outros. E assim será, ela aprendendo e ensinando, distribuindo sua luz, até que entre em touro, no começo da tarde do dia 14, momento em que será exaltada e uma nova aventura começa.
Da cozinha: Acelga, uma verdura tão lunar: redonda, branca e aquosa. Sou apaixonada por ela mas cortei as folhas em pedaços grandes e machuquei com sal, para que ela perdesse grande parte da sua água como no momeço da jornada. Isso faz com que ela fique mais resistente e mais saborosa. Fiz a mesma coisa com alguns rabanetes e um taço de salsão. Enquanto os vegetais suavam no sal, ralei gengibre, tostei e moí gergelim branco, cortei cebolinha. Misturei esses temperos. Lavei e espremi bem a acelga, rabanete e salsão (sempre é bom verificar se ainda não estão muito salgados) e temperei com a mistura. Finalizei com pimenta calabresa.
Se a gente adiciona um molho de arroz, fecha tudo e deixa fermentar, obtém um kimchi, uma conserva tradicional coreana que é entrerrada em grandes barris por muito tempo. Mas pra fermentar é necessário um aspecto melhor com Saturno. Além disso, em Áries a energia é de ignição mas nem sempre os processos vão até o fim. E assim em salada já fica incrível, mesmo que depois de umas horas fechadinhas fique com um cheirinho de inferno. Mas é uma delícia!
*Campbell levava 4 planetas em Áries no seu mapa natal, inclusive os dois regentes Marte e Sol, mais Mercúrio e Júpiter colados ao Sol, combustíssimos.
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